Attention, focus and freedom: are we stuck to our screens?

Michel Desmurget's book "La Fabrique du crétin digital. Les dangers des écrans pour nos enfants" could be alarming if we didn't already know what this book has to say: screens are our worst enemies. We do our best to ignore the danger, seduced by the light that makes us feel good, the gamification that entices us and the addictive architecture. Michel Desmurget writes about the current paradigm and the creation of imbeciles that results from this technological ubiquity. His book presents the advantages and disadvantages of using digital devices, leaving it up to the reader to decide what to do. A couple of years ago, I realised that tech executives were raising their children tech-free or imposing severe limitations on their children's tech usage. I thought that maybe that would be the way to go while wondering how to live tech-free. Is it possible do to so in today's society? Maybe. Maybe not. One thing we can ensure, though: is to be conscious and limit our time with screens.

In China, for example, children and teenagers are not allowed to play between 10pm, and 8am, or for more than 90 minutes on weekdays. Scientific research found a direct relationship between gaming - screens - and school performance. Screens, also used for school activities, have several influences on school success: they alter sleep and consequently weaken the immune system, increasing absenteeism due to illness, leading to reduced school performance and other aspects related to sleep deprivation. Above all, they cause intellectual immaturity since the childhood brain plasticity is impossible to recover. 

There is evidence that those with a smartphone, tablet, television, and console in the bedroom have sleep and health problems. Consequently, lower academic achievement. Reporting the obvious and documenting what we already know is redundant, right? Nevertheless, digital exposure is related to family habits, and until we mirror ourselves considering our behaviours, nothing can change. Children imitate their parents. Young people are a bigger version of the children who started by imitating parents, questioning them when there are no rules or, on the contrary, unexplained restrictions. Desmurget states that parents informed of the negative consequences will enforce limits based on this knowledge, setting the rules for self-regulation. Our children must understand our decisions and the reasons behind such decisions. We want them on board, not defying or acting against us.

Several studies in the book conclude that more screen time equals less time for interpersonal relations, influencing studying, working methods, sleep, play, reading and interaction. Can we escape? The most diverse forms of communication, work and day-to-day activities happen in a digital context, depending on screens to make it happen. So?

Considering what Michel Desmurget presents in his book, maybe we can start with a self-analysis by revising our screen time and evaluating our screen usage and activities. Are we reading books, listening to podcasts, learning a new language, or are we doomscrolling? From my personal experience, I suggest you find which are the useless apps and the attention draining ones. By tidying up the screen, we can re-organise the apps: productivity and utility first, with the ones we use daily on the first screen, keeping the draining ones away from sight (social media, for instance, even if you work as a social media manager!). You can also mute group chats and leave large groups with endless conversations (believe it, no one will notice!). Desmurget says that young people have excessive and sometimes uncontrolled screen usage. Excessive usage causes irreparable damage: from sedentarism to myopia (increasing exponentially worldwide) and emotional stress. The worst happens in our brain. We believe that our brain is multitasking, but Desmurget explains that none of us can cope with this heavy bombardment of our perception. 

Up to the age of 6, children should not use screens, and between the ages of 6 and 12, 30 minutes a day is more than enough. After the age of 12, one hour a day. We use computers at school, which are valuable tools to teach and learn. We use them for more than one hour a day, meaning that everything else involving a screen is already over the top. We are accountable for everything children and teens do on their screens. For a healthier screen relationship, we should remove multimedia distractions, take the screens from the room - which other books suggest should be a digital/screen-free environment, and limit their screen time (setting a screen time limit on their devices). Other suggestions: not using screens before school and turning them off at least an hour and a half before bedtime also helps concentration and relaxation by decreasing the intensity of the light and dopamine impulses we receive. Eliminating television screens during meals, conversations, and other interactions is also crucial to regain what we have always had and that we are impairing: attention, focus and freedom. 

Atenção, foco e liberdade: estamos presos aos ecrãs?

O livro de Michel Desmurget, "La Fabrique du crétin digital. Les dangers des écrans pour nos enfants" poderia ser alarmante se não soubéssemos já, tudo o que nos diz: os ecrãs são os nossos piores inimigos. Fazemos por ignorar, subvertidos pela sedução das luzes que nos provocam bem-estar, a lógica de jogo que nos seduz ou a arquitectura que nos vicia. Michel Desmurget escreve sobre o paradigma actual e a criação de cretinos, como Desmurget escreve, que resulta desta ubiquidade tecnológica. No seu livro são apresentadas as vantagens e desvantagens da utilização de dispositivos digitais deixando ao leitor a decisão sobre o que fazer. Há alguns anos, apercebi-me de que os executivos de tecnologia estavam a criar os seus filhos livres de tecnologia ou a impor-lhes severas limitações. Pensei que talvez fosse esse o caminho a seguir enquanto me perguntava como viver sem tecnologia. Será possível fazê-lo na sociedade de hoje? Talvez. Talvez não. Há, contudo, algo que podemos garantir: estar consciente e limitar o tempo de ecrãs.

Na China, por exemplo, as crianças e adolescentes não podem jogar entre as 22h e as 8h, ou mais de 90 minutos nos dias úteis, porque já se percebeu que há uma relação directa ente a utilização de jogos - ecrãs, no geral - e o desempenho escolar. Os ecrãs, que também são usados para actividades escolares, têm influências várias no sucesso escolar: alteram o sono e, por consequência, enfraquecem o sistema imunitário, aumentando o absentismo por doença que, por sua vez, leva à redução do desempenho escolar e outros aspectos relacionados à privação de sono. Causam, sobretudo, imaturidade intelectual, uma vez que a plasticidade cerebral da infância não é recuperada.

A disponibilidade aguça o apetite e há provas de que os que têm um smartphone, tablet, televisão e consola no quarto têm problemas de sono e saúde. Por consequência, menor aproveitamento escolar. Relatar o óbvio e documentar o que já sabemos é redundante. A exposição digital está relacionada com os hábitos familiares e, enquanto não nos olharmos ao espelho para ver o nosso próprio comportamento, nada mudará. As crianças imitam os pais. Os jovens são uma versão maior das crianças que começaram por imitar os pais, questionando-os perante a ausência de regras ou, ao contrário, restrições sem explicação. Desmurget afirma que os pais informados das consequências negativas imporão limites com base neste conhecimento, estabelecendo as regras de auto-regulação. Os nossos filhos devem compreender as nossas decisões e o que as motiva. Queremo-los a apoiar essas decisões, sem as desafiar ou contrariar.

Vários estudos apresentados no livro concluem que mais tempo de ecrã equivale a menos tempo para relações interpessoais, influenciando o estudo, métodos de trabalho, o sono, brincadeiras, a leitura e a interacção social e familiar. Será que podemos escapar? As mais diversas formas de comunicação, trabalho e actividades quotidianas acontecem num contexto digital, dependendo dos ecrãs. O que fazer?

Considerando o que Michel Desmurget apresenta no seu livro, talvez possamos começar com uma auto-análise, revendo o tempo, avaliando a utilização e actividades. Estamos a ler livros, a ouvir podcasts, a aprender uma nova língua, ou estamos a um scroll infinito nas redes sociais? Uma sugestão: verifiquem quais as aplicações que não usam, as que são inúteis e as que vos consomem mais tempo. Arrumar o ecrã permite reorganizar as aplicações: produtividade e utilidades em destaque, com as que usamos diariamente no primeiro ecrã, mantendo as que consomem tempo longe da vista (redes sociais, por exemplo, mesmo que trabalhemos como gestor de redes sociais!). Também podemos silenciar as conversas de grupo e abandonar os grupos com conversas intermináveis (acredite, ninguém vai notar!). Desmurget diz que os jovens têm uma utilização excessiva e por vezes descontrolada do ecrã. O uso excessivo causa danos irreparáveis: desde o sedentarismo à miopia (que está a aumentar em todo o mundo) e stress emocional. O pior acontece no nosso cérebro. Acreditamos que este é multitarefa, mas Desmurget explica que o consumo digital prejudica-nos a todos os níveis e o nosso cérebro, esse que acreditamos ser multitarefa, não está adaptado ao bombardeamento de que a nossa percepção é alvo. 

Até aos 6 anos as crianças não devem usar qualquer tipo de ecrã e entre os 6 e os 12 anos, 30 minutos por dia são mais do que suficientes. Depois dos 12 anos, uma hora por dia. Utilizamos computadores na escola, ferramentas valiosas para ensinar e aprender. Utilizamo-los mais de uma hora por dia, o que significa que qualquer utilização adicional ultrapassa a recomendação. Somos responsáveis por tudo o que as crianças e os adolescentes fazem nos seus ecrãs. Para uma relação mais saudável, talvez possamos  remover as distracções multimédia, retirar os ecrãs do quarto - outros livros sugerem que o quarto deve ser um ambiente livre de equipamentos electrónicos -, e limitar o tempo de utilização (estabelecendo um limite de tempo de ecrã nos dispositivos). Mais sugestões? 

Evitar utilizar ecrãs antes da escola e desligá-los pelo menos uma hora e meia antes de dormir ajuda à concentração e relaxamento, diminuindo a intensidade da luz e os impulsos de dopamina. Eliminar os ecrãs de televisão durante as refeições, conversas e outras interacções é também crucial para recuperarmos o que sempre tivemos e que estamos a perder: atenção, concentração e liberdade. 

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